Odir Cunha é escritor e jornalista esportivo há 30 anos. Torce para o Santos Futebol Clube.
Tem dois prêmios Esso de Informação Esportiva: em 1978, pela cobertura da Copa do Mundo da Argentina, e 1979, pela cobertura dos Jogos Pan-americanos de Porto Rico.
Publicou vários livros:
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“Heróis da América, a história completa dos Jogos Pan-americanos”, Editora Planeta, 2007;
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“Time dos Sonhos, história completa do Santos F.C.”, Editora Códex, 2003;
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“Oscar Schmidt, a biografia do maior ídolo do basquete brasileiro”, Editora Best Seller, 1996,
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“Os Bichos Ensinam”, Editora Códex, 2005;
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“Pedrinho escolheu um time”, Editora Duna Dueto, 2007. Entre outros.
GuIgO NewS – O que faz Odir Cunha hoje?
Odir Cunha – Trabalho como escritor. Também dou algumas palestras, organizo exposições, escrevo alguns artigos para os sites Observatório da Imprensa, Comunique-se, Milton Neves e Santista Roxo, e comento alguns jogos de futebol pela Rádio Globo, mas vivo mesmo como escritor.
GuIgO NewS – Está muito mais fácil ser jornalista do que anos atrás? Por quê?
Odir Cunha – Não está mais fácil, ao contrário. Há mais competitividade. O mercado se expandiu um pouco com a Internet, as assessorias de imprensa e os canais de tevê por assinatura, mas por outro lado os jornais e as emissoras de rádio estão mais enxutos. Há mais jornalistas buscando uma colocação e os salários estão menores. Assim, creio que o mercado de trabalho não seja tão animador.
Também não é mais fácil porque hoje o jornalismo praticamente aboliu um profissional muito importante, que é o revisor, e também está abolindo o copy desk, ou redator. Assim, é preciso que o texto já saia sem erros, o que exige um conhecimento maior da língua.
GN – O jornalista de hoje tem que ser multimídia?
OC – Não sei se precisa ser, mas é aconselhável que seja versátil, pois há uma tendência de enxugamento cada vez maior nas redações e é natural que se dê preferência a profissionais polivalentes. Quem trabalha para um site, por exemplo, geralmente tem de atuar como pauteiro, repórter, redator, editor e até fotógrafo, além de dominar os mecanismos do site (saber como postar e trocar notícias, inserir fotos etc).
GN – Como separar a emoção da razão ao comentar um jogo de futebol? Como evitar gafes?
OC – Com o tempo é fácil, pois o lado profissional acaba prevalecendo. Se eu comento um jogo do Santos, por exemplo, acho que sou até mais duro nas análises do que se comentasse um jogo de outra equipe. E sei apreciar um bom time e elogiar um bom jogador, qualquer que seja sua camisa.
GN – Sabemos que você não é corintiano, mas é santista roxo. De onde surgiu o amor ao Santos Futebol Clube?
OC – Meu tio Everaldo, ou Verinho, é que me convenceu de que o Santos era o melhor time do mundo. Isso em 1958 ou 59. Eu escolhi o Santos sem saber que o Pelé jogava nele. Quando soube, aí é que eu não mudaria, né? E realmente o Santos de 1962/63 é considerado o melhor time de futebol que já existiu. Anote aí: Gilmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula. Nunca houve um time como esse. Sabe quantos títulos consecutivos eles ganharam, entre meados de 1961 e meados de 1963: Nove! Dois Paulistas, dois Brasileiros, duas Libertadores, dois Mundiais e um Rio-São Paulo!
GN – Você gosta de praticar esportes? Tem tempo para isso?
OC – Gosto de jogar tênis. Fui o número um do ranking da imprensa enquanto o ranking durou (14 anos). Tento jogar ao menos nos fins-de-semana.
Milton Neves e Odir Cunha (foto extraída do site Jornal Jovem: www.jornaljovem.com.br)
GN – Muitos jornalistas não conseguem conciliar a vida particular com o trabalho. Você consegue?
OC – Bom, eu trabalho em casa. Sou um misto de escritor e “doméstico”, já que arrumo as camas, lavo a louça e preparo o jantar para minha mulher e minha filha. Sou adepto da vida simples e acabo de escrever um livro que batizei de “Viva Simples”. Acho que é o estilo de vida que as pessoas terão de adotar daqui para a frente.
GN – Em 2014 teremos a Copa do Mundo aqui no Brasil. Quais são suas esperanças para a Copa? Está otimista?
OC – A Copa está virando um negócio para as empresas, pois já não é decisiva para a carreira dos jogadores, que já são milionários quanto a disputam. Então, não sei se os brasileiros terão a mesma motivação de outras Copas. Espero que sim. Hoje o Brasil não tem a melhor seleção do mundo, mas até a Copa deverá ter de novo. Com tempo para treinar a Seleção Brasileira ainda é a mais temida.
GN – E as Olimpíadas? O que o Brasil precisa ter para sediar os Jogos? O Pan-americano já foi o suficiente?
OC – O Brasil criou uma pré-estrutura olímpica no Rio de Janeiro para o Pan. Ela deverá ser a base para uma Olimpíada. Certamente sediar uma Olimpíada alavancaria o esporte brasileiro. Mas é preciso pesar bem a relação custo-benefício. Será que o País pode gastar tanto com uma competição esportiva? Isso tem de ser analisado com cuidado.
GN – Agora Campeonato Brasileiro. O que acontece com o Santos? O que o Cuca deve fazer pra livrar o Santos da zona de rebaixamento?
OC – Pelos salários que paga, o Santos não pode cair. O Santos tem algumas panelinhas e há jogadores que jogam quando querem, apesar de ganharem salários superiores, em média, a 150 mil reais por mês. Não dependerá muito do Cuca, mas da boa vontade desses jogadores. O Santos está à mercê de um bando de maus profissionais.
GN – Já arrisca dizer quem serão os campeões?
OC – Da Série B, o Corinthians.(Risadas) Da Série A é mais difícil. Mas deverá ficar entre Flamengo, Cruzeiro e São Paulo.